OBLIVION

06:50

Ou: as desvantagens em não esquecer facilmente.



Tenho vagas lembranças daquele verão.
O calor, a brisa do final da tarde, o pôr do sol.
E ele.
Se eu falasse que tenho vagas lembranças dele, estaria mentindo.
Eu lembro.
Das suas roupas.
Seu anéis.
Sua voz.
Eu lembro de cada palavra em diálogos tão rápidos e curtos.
Eu lembro da sua respiração tão próxima à minha de maneira que me fazia ficar sem ar.
Eu lembro de seus olhos. Uma tempestade castanha que eu não vi chegar.
Neruda disse "tão curto o amor, tão longo o esquecimento". Com toda licença, Neruda, mas tão curto o amor, tão inexistente o esquecimento.
Em dias como esse, em que o sol dança sobre mim e cria caminho junto ao meu, eu poderia tê-lo.
O silêncio, a voz.
A rapidez, a demora lânguida.
Me pergunto como ele pensa sobre aquele verão. Na verdade, há em mim a esperança de que ele não o esqueceu.
Mas parte de mim entende que sobre o verão há apenas lembranças minhas.
Estas que luto para esquecer, mas, ah, a dor deliciosa ao lembrar cada momento, cada toque, cada olhar.
Espero que ele lembre.
Espero que eu, finalmente, esqueça.

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